Marco Mackaaij na Casa das Palavras
Marco Mackaaij também marcará presença no dia 15 de Abril de 2023 na Casa das Palavras na Serra dos Dois Dinossauros Adormecidos, em Monchique. Trata-se de um evento que decorrerá entre as 16 e as 18 horas desse dia, um sábado, com seis autores que publicaram livros na On y va, maioritariamente poesia.
Assumindo a forma de tertúlia literária, o evento tem como tema «Olhares sobre a Vida e a Escrita», com moderação de António Manuel Venda, editor da On y va. Presenças, além de Marco Mackaaij, de José Carlos Barros, Ana Sofia Brito, Paulo Rosa, Clara Andrade e Paulo Correia. Ver mais informações aqui.
Marco Mackaaij (Países Baixos, 1970) vive em Portugal desde 1995. É professor de Matemática na Universidade do Algarve e escreve poesia em português. Antes de «Pequeno-almoço com Billy» (ed. On y va, 2022), publicou dois livros de poesia, «E se não for» (2015) e «Em Segunda Língua» (2018), e uma plaqueta, «Perdidos e Achados» (2017), na editora CanalSonora. Tem poemas seus em revistas literárias e antologias portuguesas e traduziu poemas de vários poetas portugueses para revistas literárias neerlandesas.
A seguir, um dos poemas do seu livro «Pequeno-almoço com Billy»:
Negociação de paz
Tu, ó corredor diletante, cansado da tua
sabática voltinha a duas patas ao redor de Silves
e a quem ladro de corpo e alma, deves pensar
que sou apenas uma rafeira asselvajada.
Mas a nossa tradição oral tem mantido viva
não só a história das nossas vitórias caninas
seguidas das nossas inevitáveis derrotas,
como também a das vossas, ditas humanas.
Não penses que com palavras mansas
e bárbaras – quantas línguas queres experimentar? –
conquistarás o direito de atravessar incólume
as obras no Jardim da República.
Sabemos ambos o que aconteceu quando
antepassados teus do Norte da Europa invadiram
o Fórum Romano. Um tetractavô meu acabou a vida
acorrentado numa quinta à beira do Reno.
Ainda te relatava a desventura de uma dictavó
que, fiel até ao fim, seguiu Al-Mutamid até Agmate
sem deixar rasto na sua poesia (ao contrário das
gazelas de Silves, agraciadas com a eternidade).
Ou a de um hectavô, abatido sem dó pela GNR
por defender heroicamente o seu dono corticeiro.
Mas a minha mensagem para ti, forasteiro,
há milénios que é a mesma: Não passarás!
E mais, ensinarei a todos os meus filhotes como
rosnar e ladrar às canelas dos teus. Ouviste?
A menos que tragas uma apetitosa oferenda de paz.
Nesse caso, poderás estender-me a mão. Talvez…