«Voar», de António Manuel Venda, e duas segundas edições
«Voar», o novo livro de António Manuel Venda, vai ser apresentado em Lisboa a 4 de Abril, Terça-feira, pelas 19H00. Será na Universidade Lusófona (Edifício do ISG, Sala U.0.8, Campo Grande, 388), num evento em que a par deste volume de poemas a editora On y va apresentará ainda as segundas edições de mais dois livros de poesia, «Respiração», de Rodolfo Miguel Begonha, e «O Milagre do Entardecer», de António Souto.
Os livros
«Voar» é o terceiro livro de poesia de António Manuel Venda, depois de «O Cão Atravessa a Cidade» e «Barcelona». Junta quatro grupos de poemas, com cada grupo a corresponder a um super-herói. Como o autor identifica claramente, na dedicatória e na abertura de cada grupo, os super-heróis são os seus filhos, protagonistas de um livro que junta sonhos (por exemplo, o de voar) e também lembranças, inquietações, perplexidades. Nele, o ambíguo pode por vezes ser tremendamente real, concreto, muito, muito claro. Assim como a realidade pode de repente fugir para lá das fronteiras que tanto nos separam da imaginação.
Em «Respiração», com riqueza imagética, sensibilidade e um certo ecletismo, Rodolfo Miguel Begonha transporta para a criação poética sensações que frequentemente unem elementos exteriores, que podem ser lugares ou paisagens, a dimensões profundamente humanas. Realidades intrínsecas e/ ou imaginárias mesclam-se com outras passíveis de assumir existência física. A relação com a natureza marca a vida do autor e reflecte-se na sua escrita, em especial na poesia. Se no caminho deste livro a natureza é um importante pano de fundo, em sintonia descortina-se também uma tendência nostálgica, que por vezes leva a finais desconcertantes. Até mesmo nos poemas algo minimalistas e com expressão simples, pode afirmar-se que o autor não resiste a deixar mensagens que quase se assemelham a breves histórias, sem que isso desvirtue a estética ou a beleza das composições. Através da vivência intensa e da captação apurada de coisas e de seres, e também de pormenores, Rodolfo Miguel Begonha parece neste livro ir ao encontro de uma certa respiração daquilo que o rodeia, até de uma entidade que transcende o ser humano. Será que esta intensidade, aplicada à escrita poética, não é, paradoxalmente, a forma de o autor nos revelar como «respira» o mundo, convidando-nos ao mesmo tempo a acompanhá-lo?
Já a propósito de «O Milagre do Entardecer», o autor, António Souto, escreve: «Começou cedo o encontro de com a poesia, antes mesmo de lhe decifrar aquele recheio que as palavras traduzem. Pelos quintais e campos e montes e pinhais, cachopo ainda, a natureza oferecia-se aos sentidos todos, e foi a minha primeira página em branco./ Passá-la a tinta começou mais tarde, já moço, em boletins de escola, em folhas volantes, em recantos de jornais mais condescendentes, num ou noutro concurso de versos, muito a medo, envergonhada, porque mais arriscada, e porque demasiado tosca quando cotejada com a dos grandes vates dos manuais./ E depois o rescaldo de Abril, o avivar de consciências, um certo lirismo encantatório, pieguices de coração, a capital. O «DN-Jovem» de permeio, atiçando./ Os poemas sucedem-se, o olhar em volta vai-se esmerando, a realidade invade o papel e subjetiva-se, apura-se a palavra, busca-se a melodia, a concisão impõe-se./ Com o tempo, tudo se converte em matéria plástica, até a memória, as memórias, a distância. O hoje e o ontem versificados, mais do que o amanhã.»
Os autores
António Manuel Venda nasceu em Monchique, no sul de Portugal, em 1968. Publicou cerca de uma dezena e meia de livros de ficção e alguns títulos de outros géneros, nomeadamente crónica, poesia e investigação. Recebeu prémios literários de várias instituições: Centro Nacional de Cultura, Câmara Municipal de Almada, Instituto Abel Salazar, Secretaria de Estado da Cultura e Sociedade Portuguesa de Autores. Já houve quem escrevesse que «nos habituámos a ir descobrindo os seus livros como se fôssemos exploradores em busca da última mina perdida da escrita».
Rodolfo Miguel Begonha nasceu em Lisboa em 1965. É licenciado em Gestão, com especialização em Gestão de Recursos Humanos, pelo ISG, mestre em Sistemas Sócio-organizacionais da Actividade Económica e doutorado em Sociologia Económica e das Organizações pelo ISEG. Desenvolveu actividade profissional na área de recursos humanos, incluindo a de consultor em gestão e estratégia numa empresa internacional. É director-adjunto da Gradiva Publicações, um desafio que assumiu em 1997. Publicou vários livros: «Reengenharia, Pessoas e Organizações» (gestão e sociologia, 2004), «A Arte de Viver» (desenvolvimento pessoal e auto-ajuda, 2006 em Portugal e 2008 no Brasil), «Elementos» (poesia, 2007) e «A Arte de Ver e Superar» (desenvolvimento pessoal e auto-ajuda, 2008). Na On y va, publicou o livro de poesia «Respiração» (agora em segunda edição) e o romance «Uma Estranha Brisa pela Madrugada», cuja primeira edição esgotou rapidamente, prevendo-se para breve uma segunda edição.
Antonio Souto é natural de Angeja, Albergaria-a-Velha (Aveiro), onde nasceu em 1961. É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Lisboa e pós-graduado em Teoria e Criação Literária pela Universidade Autónoma de Lisboa. Professor em Lisboa, lecionou igualmente em Estrasburgo – na Universidade de Ciências Humanas, no Instituto de Tradutores, Intérpretes e Relações Internacionais e na Universidade Popular Europeia. É autor de vários livros de poesia: «Arcanas Carícias», «Na Lavra do Dizer», «Caprichos» (com prefácio de Urbano Tavares Rodrigues), «O Tempo das Palavras» (com prefácio de João de Melo), em parceria com Armindo S., (de que resultou a antologia «O Milagre do Entardecer», publicada pela On y va), «Sonhos Sobrantes» (com prefácio de Luiz Fagundes Duarte), «Palavras (In)adiáveis» e «A Seiva dos Dias e outros poemas» (também publicado pela On y va). Em registo cronístico, publicou os livros «Ex Abrupto – crónicas de tempos vagos» e «Dupla Expressão» (de que resultou a antologia «Hoje é Tudo Falso», reunida pela On y va). Neste género, o seu mais recente livro tem como título «Não Há Volta a Dar». De referir ainda a colaboração dispersa em várias publicações e antologias.